68ª Sessão da Comissão de Estupefacientes das Nações Unidas
Decorreu em Viena, entre 10 e 14 de março, a 68ª reunião anual da Comissão de Estupefacientes das Nações Unidas (CND). Portugal, membro da CND desde janeiro de 2024, por um mandato de quatro anos, foi representado, nesta reunião, pelo Coordenador Nacional para os Comportamentos Aditivos e as Dependências, que proferiu o discurso nacional, e por representantes do ICAD, I.P., do INFARMED e do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
João Goulão, no discurso nacional, reafirmou o compromisso
do nosso país com uma abordagem multidimensional e equilibrada e baseada em
dados concretos, ancorada no respeito dos Direitos Humanos e destinada a
assegurar um elevado nível de proteção da saúde, coesão social e segurança. No
seguimento do “Pledge4Action” formulado por Portugal em 2024 durante o Segmento
de Alto Nível da Comissão de Estupefacientes, no qual se comprometeu a ampliar
até 2028 o acesso aos serviços de tratamento, o coordenador nacional informou
que se verificou no último ano uma redução em 19% no número de pessoas à espera
de tratamento e de 15% no tempo de espera para tratamento.
À margem da reunião anual da Comissão de Estupefacientes das
Nações Unidas, o coordenador nacional participou em dois eventos paralelos:
“Innovations in continuity of care, solutions over ideologies” e “Reimagining
drug policies: the construction of harm reduction public policies championing
health and human rights”.
No primeiro, organizado pela Federação Internacional de
Organizações Não-Governamentais para a Prevenção do Abuso de Substâncias,
afirmou que para alcançar resultados positivos no domínio da saúde a nível
mundial, têm de se ultrapassar preconceitos ideológicos e ter o foco em
soluções baseadas na evidência. Acrescentou que só através da colaboração entre
todos os setores- cuidados de saúde, aplicação da lei, governo, sociedade civil
- e de um compromisso com os Direitos Humanos, pode ser criada uma estratégia
global que apoie os indivíduos, reduza os danos e promova a recuperação.
No segundo, organizado pelo Brasil, afirmou que os dados
disponíveis demonstram que as punições e as sanções penais são ineficazes e
muitas vezes contraproducentes, funcionando como obstáculo ao acesso aos
serviços de assistência aos consumidores de drogas. Referindo-se à política
portuguesa nesta área, acrescentou ser possível obter benefícios notáveis com a
aplicação de políticas destinadas a reduzir os riscos e minimizar os danos,
associados ao consumo de drogas, e a reintegrar socialmente as pessoas que as
consomem.
A Comissão de Estupefacientes das Nações Unidas é o órgão
central da ONU responsável por decisões políticas relativas a questões
relacionadas com o consumo e o tráfico ilícito de drogas.