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Videoconferência ICAD - “Publicidade e jogo a dinheiro”

Videoconferência ICAD - “Publicidade e jogo a dinheiro”


12/05/2025

“Publicidade e jogo a dinheiro” foi o tema da videoconferência ICAD, I.P., realizada a 8 de maio, que contou com 254 participantes.

 

Os oradores convidados foram: Luís Vasconcelos, licenciado e mestre em Antropologia Social pelo ISCTE, Lisboa, e doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo, Brasil. Atualmente, dedica-se ao estudo do jogo patológico e integra a Unidade de Estatística e Investigação do Departamento de Investigação, Monitorização e Comunicação no ICAD, I.P.; Margarida Vaz, licenciada Organização e Gestão de Empresas. Inspetora de jogos há 23 anos, atualmente dá assessoria à direção do SIRJ - Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, na área económica, financeira e de auditoria; Pedro Morgado, doutorado em Medicina pela Universidade do Minho, Professor Associado com Agregação na Escola de Medicina da Universidade do Minho. É Coordenador Regional de Saúde Mental do Norte e membro da Coordenação Nacional de Saúde Mental desde janeiro de 2022. É médico especialista do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Braga e investigador no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) e no Centro Clínico Académico 2CA-Braga; e Carla Frazão, assistente social, trabalha na área dos CAD desde 1996. Atualmente, acumula funções no CRI Lisboa Ocidental, Polo de Sintra, e na Unidade de Prevenção e Promoção da Saúde, no Departamento de Intervenção Integrada, do ICAD, I.P.

A moderação esteve a cargo de Alcina Correia, mestre em Sociologia do Trabalho, das Organizações e do Emprego, formada em Psicologia do Trabalho, Terapeuta Familiar, atualmente diretora do Departamento de Investigação, Monitorização e Informação do ICAD, I.P.

 

Esta videoconferência teve como objetivos promover um momento de reflexão sobre o tema, melhorar a literacia sobre a publicidade, origem, influência, impacto, e estratégias de empoderamento dos cidadãos, sobretudo dos jovens, para inverter os impactos menos desejados.

 

Manuel Cardoso, vogal do Conselho Diretivo do ICAD, I.P., nas boas-vindas referiu três componentes que considera essenciais quando se aborda o tema desta videoconferência: como a publicidade influencia comportamentos; os modelos publicitários, sobretudo, os online, digitais e promovidos por influncers; e a legislação sobre o jogo, que classificou escassa e enviesada. Defendeu a proibição da publicidade ao jogo, como acontece em alguns países europeus, e a necessidade de apresentar propostas ao governo sobre a regulação da publicidade.

 

Alcina Correia, antes de passar a palavra aos oradores, enquadrou o tema com os dados epidemiológicos disponíveis dos estudos mais recentes promovidos ou realizados no ICAD, que permitem uma caracterização dos jogadores a dinheiro, prevalências, grupos etários, padrões de uso, jogadores com problemas e jogadores patológicos, e dados de procura de tratamento e apoio.

 

Luís Vasconcelos tratou da contextualização histórica geral, sobre a normalização do jogo e as condições que tornaram possíveis a publicidade que hoje lhe é dedicada. A diabolização do jogo na transição entre os séculos XIX e XX; as mudanças que ocorreram até à década de 80, e que tornaram o jogo mais visível e aceitável; e a normalização do jogo ocorrida a partir das duas últimas décadas do século passado, foram aspetos que desenvolveu.

 

Pedro Morgado abordou a perturbação do jogo e o que diz a evidência sobre o impacto da publicidade no comportamento do jogo a dinheiro. Considerando que o jogo não deve ser encarado, necessariamente, como uma atividade humana negativa, explanou as diferenças entre o jogo problemático e o jogo patológico. Relativamente a este último, indicou algumas disfunções cognitivas que este provoca no individuo. Mais publicidade significa mais participação no jogo, e a nova realidade trazida para a publicidade pelos influencers, ao tornarem o jogo mais atrativo, especialmente para os jovens entre os 12 e os 16 anos, foram dois dos exemplos que sobre o que a evidência nos traz. Em termos futuros, defendeu maior acesso ao tratamento das perturbações do jogo e a necessidade de proteger as políticas e as regulamentações da influência comercial.

 

Margarida Vaz apresentou a perspetiva do regulador, no que diz respeito ao que está estipulado na lei, as permissões e as limitações aos anunciantes, e os mecanismos de fiscalização existentes. Na referência, mais desenvolvida, que fez ao artigo 21 da Lei da publicidade, defendeu que o mesmo é curto e requer uma alteração legislativa até porque o mesmo não engloba o fenómeno das redes sociais. Depois de afirmar que o problema é o jogo ilegal, pois não pode ser regulado, afirmou que a taxa de sucesso da regulação no online é ínfima. 

 

Carla Frazão explanou o desenvolvimento de intervenções preventivas orientadas para resistir à publicidade, as diferentes fontes da publicidade e respetivos impactos, e como o ICAD, I.P. e entidades que trabalham mais na área na redução da procura atuam junto, sobretudo, dos públicos mais jovens. Começou por considerar que a prevenção nesta área tem vindo a criar caminhos e defendeu que trabalhar isoladamente a componente informativa não é eficaz devendo, pelo contrário, ser trabalhada de forma integrada, em programas e projetos e sobre os quais deu alguns exemplos. Realçou a importância de treinar os jovens para a atividade crítica e o trabalho com as famílias.

 

O ciclo de videoconferências prosseguirá brevemente.

 

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