Videoconferência ICAD abordou Jovens e Ecrãs
“Jovens e Ecrãs – smartphones, videojogos e redes sociais” foi o tema da videoconferência ICAD realizada a 23 de setembro, que contou com 521 participantes, o número mais elevado de 2025. Também assistiram turmas de alguns agrupamentos escolares.
A sessão foi dinamizada por João Pereira, estudante do 1.º
ano na escola profissional de Teatro de Cascais, que participa na
longa-metragem «Dimensão S» onde a sua personagem – Afonso - vive com a
problemática da dependência de ecrãs; Pedro Aires Fernandes, psicólogo,
desenvolve atividade clínica junto de adolescentes, adultos e famílias, com
intervenção em matéria de dependências online; Lúcia Oliveira, psicóloga,
acompanha adolescentes e jovens com comportamentos aditivos com e sem
substância, no âmbito da prevenção indicada, na Consulta de Adolescentes e
Jovens do CRI Porto Ocidental; e Isabel Lopes, licenciada em Ensino da
Biologia, foi coordenadora da Promoção e Educação para a Saúde entre 2008 e
2014 encontrando-se, atualmente, em mobilidade na Direção Geral de Educação, na
Promoção e Educação para a Saúde.
A moderação esteve a cargo de Vasco Calado, doutorado em
Antropologia, autor e coautor de diversos produtos de investigação e
investigador no Departamento de Investigação, Monitorização e Comunicação, que
fez um enquadramento com dados dos últimos estudos e levantou questões para as
intervenções dos oradores convidados.
Na saudação de boas-vindas Manuel Cardoso, vogal do Conselho
Diretivo, destacou a grande e galopante evolução das tecnologias que afetam o
dia-a-dia de todos, salientando a importância desta videoconferência pela
abordagem e discussão que possibilita, trazendo mais esclarecimento e mais luz
sobre esta problemática. Deixou a interrogação sobre como poderemos verificar e
testar limites e, ao mesmo tempo, podermos ajudar quem venha a precisar de ser
ajudado. No encerramento, ao considerar que a discussão foi muito interessante,
reconheceu estarmos perante grandes desafios. Afirmou, ainda, que “a qualidade
de vida fora do ecrã tem de ser a garantia de que a vida no ecrã é um
complemento dessa qualidade de vida que tem de existir.”
João Pereira defendeu que a questão dos jovens e o ecrã não
deve ser encarada na perspetiva da proibição, mas do equilíbrio, que permita
momentos dedicados a outras atividades como o desporto ou a socialização e não
apenas em modo digital. Discordando das visões que colocam os jovens como
“culpados” considerou que, pelo contrário, devem ser encarados como uma geração
que pode ajudar na resolução do problema.
Pedro Aires Fernandes considerou fundamental a utilização
regulada. Deixou a mensagem de que todos temos um papel de agentes de prevenção
que podemos desempenhar em diversos contextos da nossa vida.
Lúcia Oliveira afirmou existem traços comuns nos pacientes
que aparecem nas consultas, que na sua maioria revelam sinais de sofrimento
psicológico. Sobre se são as tecnologias a provocar problemas ou se são os
jovens com problemas que mais facilmente desenvolvem uma utilização danosa e
compulsiva com elas, defendeu que devem ser consideradas as duas hipóteses.
Isabel Lopes abordou o tema do ponto de vista da educação
afirmando que a realidade nas escolas reflete, de algum modo, o que se passa na
sociedade. Informou que o trabalho realizado no meio escolar tem passado, por
exemplo, pela realização de webinars. Aproveitou para divulgar o consórcio
“Seguranet”, que tem como missão promover a Educação para a Cidadania Digital,
e o inquérito por questionário “EU Survey on Cyberbullying 2025”, lançado pela
União Europeia, sobre o fenómeno do Ciberbullying, destinado a recolher as
opiniões e experiências de jovens com idades entre os 12 e os 17 anos. Está
acessível através da plataforma EU Children’s Participation Platform, até ao
próximo dia 29 de setembro.
Assista à gravação, em https://www.youtube.com.